quarta-feira, 27 de março de 2013

Uma curta e interessantíssima experiência


Recentemente realizei uma atividade de divulgação científica em uma escola de Ensino Fundamental. Durante esta atividade pude vivenciar algumas das discussões feitas por importantes autores.
Esta foi a primeira vez que tive contato com alunos dessa idade, e por isso foi um grande desafio planejar o que dizer e como dizer. Um dos pontos que considerei importante foi as diferentes idades dos alunos. Além da adaptação da linguagem utilizada para a faixa etária correspondente, foi importante pensar como aquele conhecimento faria parte da realidade de cada aluno. Neste contexto é possível citar um trecho da obra do Libâneo:

Os objetivos da escolarização não se esgotam na difusão dos conhecimentos sistematizados: antes, exigem a sua vinculação com a vida prática. (LIBÂNEO, 2012: 124).

Assim, a aplicação do conhecimento à vida do aluno, utilizar como exemplo algo de seu dia-a-dia, dar uma importância aos conceitos tratados foi essencial para o sucesso da atividade.
Pensando ainda na realidade de cada aluno, foi um desafio enorme prestar atenção para não utilizar exemplos de uma realidade que os alunos não vivenciam. Para mim é muito natural citar trechos de um seriado ou de um filme para exemplificar algum conceito. A escola a qual desenvolvi a atividade atende a uma população carente, em que muitos nunca foram ao cinema. Assim, se fosse citado um exemplo o qual eu estou muito acostumada, o aluno não entenderia, se sentiria desestimulado e por isso, o processo de aprendizado não seria eficiente. Neste contexto é possível acrescentar a importância de saber muito bem o conteúdo a ser dado para que as adaptações necessárias sejam realizadas.

(...) é fundamental que o professor domine bem a matéria para saber selecionar o que é realmente básico e indispensável para o desenvolvimento da capacidade de pensar dos alunos (LIBÂNEO, 2012:79).

Ao saber o conteúdo é possível falar de maneiras diferentes, dar exemplos diferentes (que não o familiar para o professor, como os seriados para mim), é possível utilizar algo citado por um aluno e aproveitar na sua aula. Ao fazer isto, o professor coloca o aluno dentro daquele contexto, fazendo-o se sentir importante, motivado, possibilitando subsídios para que ele aprenda mais.
Além disso, pude participar de uma roda de conversa, algo que considero extraordinário, uma maneira simples para o aluno, mas complexa para o professor, de discutir algo, uma maneira de apresentar ao aluno a ideia de discussão e de construir o conhecimento em conjunto. Nesta roda é possível observar na prática aquilo que Kant discute de que o esclarecer só é possível no espaço público.
Quando o aluno expõe sua ideia ele está sujeito a ouvir uma crítica, ele tem a reação do outro, boa ou ruim, e assim aprende, constrói conhecimento no espaço público. Aliás, o espaço público não estava apenas naquela roda de conversa, mas durante todo o período da atividade de divulgação científica, uma vez que os alunos estavam sempre com outros alunos e com o professor. No entanto, a roda de conversa mostra este ponto da discussão de Kant de modo muito forte.
Portanto esta atividade mostrou na prática alguns conceitos (seria possível citar outros) que importantes autores discutem. O que evidencia como a prática não está dissociada da teoria e a importância de tentar unir as duas pontas o tempo inteiro para o enriquecimento da prática docente.
                                                                                                  
                                                               Postado por: Luana Lira Righi


Bibliografia

LIBÂNEO, Jose Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2012.

PANSARELLI Daniel, PISA Suze. Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2013.