Recentemente realizei uma atividade de
divulgação científica em uma escola de Ensino Fundamental. Durante esta
atividade pude vivenciar algumas das discussões feitas por importantes autores.
Esta foi a primeira vez que tive contato
com alunos dessa idade, e por isso foi um grande desafio planejar o que dizer e
como dizer. Um dos pontos que considerei importante foi as diferentes idades
dos alunos. Além da adaptação da linguagem utilizada para a faixa etária
correspondente, foi importante pensar como aquele conhecimento faria parte da
realidade de cada aluno. Neste contexto é possível citar um trecho da obra do
Libâneo:
Os objetivos da escolarização não
se esgotam na difusão dos conhecimentos sistematizados: antes, exigem a sua
vinculação com a vida prática. (LIBÂNEO, 2012: 124).
Assim, a aplicação do conhecimento à
vida do aluno, utilizar como exemplo algo de seu dia-a-dia, dar uma importância
aos conceitos tratados foi essencial para o sucesso da atividade.
Pensando ainda na realidade de cada
aluno, foi um desafio enorme prestar atenção para não utilizar exemplos de uma
realidade que os alunos não vivenciam. Para mim é muito natural citar trechos
de um seriado ou de um filme para exemplificar algum conceito. A escola a qual
desenvolvi a atividade atende a uma população carente, em que muitos nunca
foram ao cinema. Assim, se fosse citado um exemplo o qual eu estou muito
acostumada, o aluno não entenderia, se sentiria desestimulado e por isso, o processo
de aprendizado não seria eficiente. Neste contexto é possível acrescentar a
importância de saber muito bem o conteúdo a ser dado para que as adaptações
necessárias sejam realizadas.
(...) é fundamental que o
professor domine bem a matéria para saber selecionar o que é realmente básico e
indispensável para o desenvolvimento da capacidade de pensar dos alunos (LIBÂNEO,
2012:79).
Ao saber o conteúdo é possível falar de
maneiras diferentes, dar exemplos diferentes (que não o familiar para o
professor, como os seriados para mim), é possível utilizar algo citado por um
aluno e aproveitar na sua aula. Ao fazer isto, o professor coloca o aluno dentro
daquele contexto, fazendo-o se sentir importante, motivado, possibilitando subsídios
para que ele aprenda mais.
Além disso, pude participar de uma roda
de conversa, algo que considero extraordinário, uma maneira simples para o
aluno, mas complexa para o professor, de discutir algo, uma maneira de
apresentar ao aluno a ideia de discussão e de construir o conhecimento em
conjunto. Nesta roda é possível observar na prática aquilo que Kant discute de
que o esclarecer só é possível no espaço público.
Quando o aluno expõe sua ideia ele está
sujeito a ouvir uma crítica, ele tem a reação do outro, boa ou ruim, e assim
aprende, constrói conhecimento no espaço público. Aliás, o espaço público não
estava apenas naquela roda de conversa, mas durante todo o período da atividade
de divulgação científica, uma vez que os alunos estavam sempre com outros
alunos e com o professor. No entanto, a roda de conversa mostra este ponto da
discussão de Kant de modo muito forte.
Portanto esta atividade mostrou na
prática alguns conceitos (seria possível citar outros) que importantes autores
discutem. O que evidencia como a prática não está dissociada da teoria e a
importância de tentar unir as duas pontas o tempo inteiro para o enriquecimento
da prática docente.
Postado por: Luana Lira Righi
Bibliografia
LIBÂNEO,
Jose Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2012.
PANSARELLI
Daniel, PISA Suze. Filosofia e modernidade: reflexão sobre o conhecimento. São
Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2013.